Apenas um dia depois da comemoração dos 70 anos da aprovação pelas Nações Unidas da Resolução 181, que permitiu o restabelecimento de Israel como nação independente, o plenário da 72ª Sessão da Assembleia Geral mostra como as coisas mudaram nas últimas sete décadas.
Nesta quinta-feira (30), foram aprovadas seis resoluções contra Israel. Em todas elas o Brasil ficou ao lado da Palestina, que embora não seja uma nação reconhecida oficialmente, possui representação na ONU, com o status de “observador”.
As votações na última reunião oficial da entidade no ano mantiveram o que foi sinalizado na reunião preparatória no mês passado.
A Assembleia Geral votou esmagadoramente em resolução que “desautorizam os laços israelenses com Jerusalém”. O placar da aprovação das propostas foi de 151 votos favor e seis contra, com nove abstenções.
Segundo o Jerusalem Post, um dos motivos para a pressão da Autoridade Palestina e seus aliados são os rumores de que a administração Trump considera mudar a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém e reconhecer a cidade como “capital indivisível de Israel”. Tal decisão pode ter grandes consequências para as políticas no Oriente Médio.
A resolução A-72-L.11 da ONU afirma que “quaisquer ações tomadas por Israel, a força ocupante, para impor suas leis, jurisdição e administração sobre a Cidade Santa de Jerusalém são ilegais e, portanto, nulas e sem validade”.
Essa terminologia repete resoluções semelhantes aprovadas anteriormente pelas Organizações das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que ignoram a existência do Monte do Templo, usando apenas o termo em árabe para o local: Haram al-Sharif.
A ONU agora “exige respeito pelo status quo histórico nos lugares sagrados de Jerusalém, incluindo o Haram al-Sharif, em palavras e práticas, e exorta todos os lados a trabalharem de forma imediata e cooperativa para desarmar tensões e interromper todas as provocações, incitamento e violência nos locais sagrados da cidade”.
Sete décadas após Oswaldo Aranha liderar a sessão histórica nas Nações Unidas que garantiu aos judeus o direito de voltarem para sua terra, o Brasil assina documentos que ignoram três mil anos de história e rejeitam todos os relatos bíblicos.
De forma clara, cumpriu-se a expectativa dos analistas de que Israel será cada vez mais acuado no campo das relações exteriores. Somente este ano foram mais de 20 resoluções contra o Estado judeu, quase todas falando de direitos humanos. Ironicamente, elas são apoiadas por países como Arábia Saudita, Turquia, Venezuela, China, Cuba, Paquistão ou Zimbábue, que sabidamente perseguem e matam os opositores do governo.
Em outra das resoluções aprovadas na 72ª Sessão, em Nova York, a A-72-L.17 fica estabelecido que “a decisão de Israel, de impor suas leis, jurisdição e administração sobre as Colinas de Golã da Síria são ilegais e, portanto, nulas e sem validade”.
Reconquistada por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, e posteriormente anexada em 1981, as colinas de Golã nunca foram reconhecidas internacionalmente como território israelense. De posição militar estratégica, elas delimitam a fronteira norte do país, com a Síria. A nova tentativa de Damasco em retomar o controle da região ocorre poucas semanas depois de Israel ter bombardeado instalações militares erguidas ali por grupos terroristas financiados pelo Irã.
Anulando a História
O representante de Israel na ONU disse que a omissão deliberada de referência ao local mais sagrado do judaísmo, o Monte do Templo, foi algo deliberado e “mais um exemplo da recusa palestina de reconhecer a ligação histórica comprovada do judaísmo e do cristianismo com o Monte do Templo”.
Os EUA se opuseram a todas as medidas anti-Israel. Richard Erdman, seu representante, afirmou: “É inapropriado para as Nações Unidas – fundada sob o ideal de que todas as nações devem ser tratadas de forma igual – tratar um Estado-Membro de forma tão desigual… órgãos e programas das Nações Unidas estão desperdiçando recursos e apenas perpetuam o viés dessa Organização contra Israel. Essas resoluções tendenciosas não ajudam a paz a avançar”.