A cidade de Éfeso – Era uma das maiores cidades do Império Romano, capital da província chamada Ásia Menor, cujo território pertence hoje à Turquia. Localizava-se às margens do rio Caístro. Entre suas construções, destacava-se o templo da deusa Diana, também conhecida como Artêmis. Os cultos ali realizados incluíam a prostituição em seus rituais. Tal edifício estava entre as sete maravilhas do mundo antigo. O templo foi incendiado no dia em que nasceu Alexandre Magno. Posteriormente, o próprio Alexandre ofereceu-se para reconstruí-lo. Contudo, sua oferta foi recusada pelos efésios, os quais reconstruíram o santuário, tornando-o mais esplêndido do que antes.
Fundação da igreja – Paulo fundou a igreja em Éfeso por ocasião da sua primeira visita, durante a segunda viagem missionária (Atos 18:19). Na segunda vez em que foi à cidade (Atos 19:1), permaneceu lá durante um período superior a dois anos. Éfeso tornou-se o centro dos trabalhos missionários do apóstolo. Naquele período, toda a Ásia Menor foi evangelizada (Atos 19:10). Pode ser que nessa ocasião tenham sido fundadas as sete igrejas mencionadas no Apocalipse (2 e 3).
A permanência de Paulo em Éfeso foi interrompida por uma grande perseguição. Através de suas pregações, muitos se converteram a Cristo. Com isso, o comércio das imagens da deusa Diana estava se enfraquecendo. Tomados de ira, os fabricantes de ídolos provocaram grande tumulto, tentando fazer com que Paulo fosse publicamente condenado por pregar uma doutrina que estaria “prejudicando” a cidade (Atos 19:21-40; I Coríntios15:32). Afinal, o turismo e o comércio estavam estabelecidos sobre a idolatria. Diante de disso, Paulo se retira. Depois de algum tempo, mandou chamar os líderes da igreja de Éfeso para se encontrarem com ele em outra cidade, Mileto. Ali, Paulo se despede deles, dizendo que não mais o veriam (Atos 20.16-38).
Local de origem: Roma. Autor: Paulo
Data: entre 60 e 61 d.C. Portador: Tíquico (Efésios 6.21-22).
Esboço:
1 – A igreja e o plano de salvação – 1.1-23
2 – A ressurreição espiritual e a exaltação do salvo – 2.1-6.
3 – Os mistérios e as revelações divinas – 3.1-13.
4 – A unidade dos cristãos – 4.1-32.
5 – Valores da vida cristã – 5.1-6:9
6 – A luta espiritual – 6.10-18.
7 – Palavras finais e bênção – 6.19-24.
Comentário:
A carta que hoje conhecemos como “Epístola de Paulo aos Efésios“, parece ter sido uma correspondência circular destinada às diversas igrejas da Ásia Menor. Seu conteúdo não é pessoal nem trata de questões ou problemas específicos de uma comunidade em particular. Não possui saudações pessoais, como seria natural em uma carta dirigida a um grupo determinado.
Motivo de envio da carta: As igrejas cristãs estavam se estabelecendo em diversas cidades do Império Romano, começando dos principais centros, onde Paulo procurava concentrar suas atividades evangelísticas. Nesses mesmos centros, encontravam-se colônias judaicas, já que, por motivos diversos, milhares de judeus estavam espalhados por vários lugares. Eles se estabeleciam com mais freqüência nas principais cidades, como seria natural, uma vez que nesses locais se concentravam as atividades comerciais, culturais e religiosas, sendo os melhores campos para o trabalho e o enriquecimento.
Desse modo, em todos os lugares Paulo encontrava uma sinagoga e ali pregava para os judeus. Assim, apesar dos protestos e perseguições, alguns se convertiam. Logo estava estabelecida a igreja e sua formação incluía gentios e judeus. Percebe-se então uma dicotomia imediata na comunidade. Além disso, como era natural, a igreja era formada por homens e mulheres, servos e senhores, escravos e livres, ricos e pobres. Essa diversidade de componentes da igreja, faz com que ela seja um organismo bastante eclético. Essa variedade se tornava, muitas vezes, causa de divisão, partidarismo, dentro das igrejas. Por isso, Paulo escreve aos efésios, tendo como principal tema à unidade da igreja. Seu foco está principalmente sobre a questão entre judeus e gentios. Por um lado, os judeus se consideravam como a “nata” religiosa do mundo. Então, os gentios eram vistos por eles como uma segunda categoria, até mesmo dentro da igreja. Os gentios, por sua vez, poderiam se sentir inferiorizados. Contudo, nas cidades fora da Palestina, os gentios eram os “donos da casa”. Então, os judeus poderiam ser vistos como estrangeiros arrogantes que se achavam superiores aos próprios cidadãos do lugar. Tudo isso nos mostra que era fácil que a igreja se dividisse internamente entre o grupo dos judeus e o grupo dos gentios. Então, Paulo insiste na doutrina da unidade da igreja.